Espetáculo “Encantaria” entra em cartaz no mês de Outubro no DF

Ainda estamos esperando um salvador? Precisamos ser salvos? Estes questionamentos são o mote inicial do trabalho da companhia IPADÊ, que culmina no espetáculo ENCANTARIA.

Ainda estamos esperando um salvador? Precisamos ser salvos? Estes questionamentos são o mote inicial do trabalho da companhia IPADÊ, que culmina no espetáculo ENCANTARIA.

O Brasil teve seu projeto de nação construído a partir do pensamento colonial firmado e reafirmado por grupos que se mantiveram no poder, formados, geralmente, por homens brancos e ricos, que comumente não reconheceram a pluralidade cultural brasileira e impuseram suas ideias de forma unilateral, silenciando outros ângulos e possibilidades de leitura do todo.

O sistema de governo republicano sob o qual vivemos, desde sua implantação, se estruturou através de pensamentos eugenistas que defendiam, enquanto projeto de nação, o embranquecimento do povo como símbolo da evolução do país. As consequências desses pensamentos são percebidas ainda na forma do racismo. Assim, torna-se necessário que grupos de matrizes culturais diversas busquem espaços em que possam ecoar outras narrativas acerca da história do Brasil, da cultura brasileira e das várias noções de brasilidade que o país comporta.

Com base nessas reflexões, nasceu o espetáculo “Encantaria”, que entra em cartaz em curta temporada no Teatro SESC Paulo Autran, em Taguatinga-DF. A obra reflete sobre o Messianismo Sebastianista, que, com o passar dos séculos, explica muito o comportamento político e social da humanidade.

Vindo de Portugal, o fenômeno “Sebastianismo” aportou em terras brasileiras e se manifestou de diferentes formas, o que demonstra nossa pluralidade de matrizes culturais (africana, ameríndia e europeia) que ecoam por todo o país, assumindo diferentes formas e combinações. 

Para dar base a narrativa messiânica, Dom Sebastião, coroado rei de Portugal no séc. XVI, desde seu nascimento, carregou consigo a imagem de predestinado a salvar o reino fragilizado que havia herdado. Em 1578, ao enfrentar uma batalha na “guerra santa” de Alcácer-Quibir, no Marrocos, fora visto pela última vez, montado em seu cavalo adentrando as fileiras do exército inimigo.  Seu corpo nunca foi encontrado, o que deu margem para que surgissem teorias de que ele havia se ‘encantado’, e que voltaria para restaurar as glórias ao reino de Portugal. 

O espetáculo apresenta a discussão do Sebastianismo para problematizar a inercia do povo diante dos problemas sociais, numa mistura de poesia, luta de classes, utopia e diálogo com a sociedade contemporânea.

O mito do salvador se reinventa, ressignifica e sempre reascende a expectativa do povo por soluções simples e imediatas, questões que exigem soluções por meio de ações coletivas, são entregues a figuras que resolveriam problemas seculares de forma mágica.

A partir desse recorte poético e histórico, o espetáculo lança uma pergunta ao público: Precisamos de um salvador?

O diretor Ricardo César pretende provocar o interesse ao conhecimento e reflexão sobre os percursos históricos do nosso país, para compreensão e colaboração na evolução do presente e na esperança embasada de um futuro mais promissor.

“A construção dramatúrgica se desenrolou dentro de um processo colaborativo, partindo de questionamentos, inquietações, vivências e pesquisas dos componentes da Companhia Ipadê. O desafio maior é tratar este tema tão atual passando longe de abordagens panfletarias ou partidaristas. A linguagem do espetáculo foi desenvolvida para se comunicar com vários públicos, inclusive estudantes, uma vez que o espetáculo propõe a reflexão crítica e analítica da atual conjuntura do país”, explica o diretor Ricardo César.

O espetáculo conta com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal.

FICHA TÉCNICA

Direção – Ricardo César / Dramaturgia – Paulo Duro Moraes Elenco – Alex Bernardo, Banzo, Bruno Farias, Flávia Neiva, Mirabai, Pedro Ribeiro, Sandra Regina e Silvia Viana / Participação Especial – Martin Filho / Cenografia – Maria Carmem – Atelier Cenográfico T. Goldoni / Figurinos e adereços – Luazi Luango / Iluminação – Valdeci Moreira Sonoplastia e música de cena – Ricardo César / Projeto e gestão de patrocínio: C1 arte e entretenimento / Auxiliar administrativo: Vagner Lopes / Produção: Paula Jacobson e Luiz Antonio Pereira

SERVIÇO:

De 15 a 18 de outubro de 2022 / Sábado às 20h / Domingo às 19h / Segunda-feira às 14h30, 16h e 20h (exclusiva para estudantes) / Terça-feira às 20h (exclusiva para estudantes) / Local: Teatro SESC Paulo Autran – Taguatinga (CNB 12, área especial 2/3, Taguatinga Norte)