Série produzida no DF tem inspiração na ancestralidade do povo brasileiro

“Quem canta um ponto inventa um conto” é composta por três episódios que utilizam a linguagem do circo e do teatro popular, para contar histórias com inspiração na ancestralidade do povo brasileiro.

“Quem canta um ponto inventa um conto” é composta por três episódios que utilizam a linguagem do circo e do teatro popular, para contar histórias com inspiração na ancestralidade do povo brasileiro.

A sociedade brasileira é formada por uma diversidade grande de povos com características, costumes e culturas diferentes. Muitos de nós, no entanto, não temos acesso às linhagens destes povos que formaram nossas famílias. Como saber para onde vamos se não sabemos de quem, nem de onde viemos? A falta de informação e o apagamento dessas histórias resultam em preconceitos com pessoas, culturas e histórias que compõem o povo brasileiro, que se revelam de muitas formas, inclusive por meio do racismo religioso.

Combater a desinformação é uma das principais ferramentas de reeducação e, consequentemente, de luta pelo fim de intolerâncias. Daí nasceu a série “Quem canta um ponto inventa um conto” com incentivo do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal. O projeto consiste em trazer músicas presentes em tradições populares como os maracatus, terreiros e sambas de roda, como fonte de inspiração para a contação de histórias relacionadas com a vida e a ancestralidade dos brincantes em cena.

Entidades consideradas sagradas em manifestações brasileiras como caboclos, erês e ciganos são também povos que compõem a identidade atual e a ancestralidade brasileira. Da mesma forma, as músicas cantadas e tocadas nos terreiros para estas entidades – os pontos – que são, muitas vezes, estereotipadas como “macumba”, são também musicalidades amplamente presentes na cultura e no cotidiano popular nacional.

Com o intuito de costurar essas histórias, torná-las conhecidas e valorizar as raízes originárias de nossas identidades foram produzidos três episódios de uma série voltada ao público infanto-juvenil. Cada episódio aborda um ponto e uma história inspirada nesses ancestrais por meio da linguagem da palhaçaria, bonecos, acrobacia aérea, brinquedos populares, músicas e outros elementos.

Sabe-se que a infância e a juventude são momentos promissores para a consolidação de valores éticos e morais e por isso a realização do projeto auxilia na formação crítica de seres mais empáticos às minorias discriminadas historicamente, além de ser um incentivo para que estejam mais conectados com suas identidades e ancestralidades.

“É uma inspiração em povos que fizeram parte da formação do povo brasileiro e que estão presentes na maioria de nossas árvores genealógicas, mas muito de nós sequer sabemos. Nossa intenção com a série não é folclorizar esse fato, mas sim conscientizar o público de que esses povos formaram nosso povo e que eles existem, que estão aqui ainda” reforça Bruna Luiza, proponente do projeto.

O projeto é protagonizado por artistas periféricos e tem no grupo de brincantes mãe e filho, Bruna Luiza e Bento Araújo. Seguindo as tradições das famílias circenses, vivenciam juntos as gravações e enaltecem a importância do brincar como filosofia de vida. Bento (10 anos), Palhaço Borboleta Frita, nome em homenagem ao Mestre Mandioca Frita com quem convive desde os cinco anos, contracena no episódio com o próprio mestre. A participação de Luciana Meireles, brincante e atriz periférica, para compor um dos episódios é uma forma de enriquecer o conteúdo e fomentar ainda mais a cadeia cultural fora do centro do Distrito Federal.

A pesquisa foi feita por meio da tradição oral dentro das próprias famílias das brincantes Bruna Luiza e Luciana Meireles, do convívio com o Mestre Mandioca Frita, da adaptação de um mito do povo Xakriabá (MG) e da vivência da proponente por oito anos no terreiro Casa Espiritualista Caboclo das Sete Encruzilhadas, situado no DF. A série tem trilha sonora autoral e será veiculada no canal do Youtube da Cia Rosarianas, disponibilizada gratuitamente como material pedagógico para a rede de escolas públicas do Distrito Federal e distribuída para circulação em festivais de cinema e circo. A ação tem ainda um minicurso temático ministrado pelo professor Luiz Rufino com o tema Vence-Demanda: Descolonização como tarefa educadora, que também será disponibilizado no Youtube para a rede de escolas públicas do Distrito Federal, como material formativo para os educadores.

Este projeto conta com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal.

QUEM CONTA UM PONTO, INVENTA UM CONTO

FICHA TÉCNICA: Coordenação Geral: Bruna Luiza / Coordenação Administrativa: Alessandra Rosa / Produção Executiva: Bruna Luiza / Direção Artística: Luciana Meireles / Roteiro: Bruna Luiza / História Onça Yaya: História tradicional do povo Xakriabá (MG) roteirizada por Luciana Meireles / Designer Gráfico: Isabela Tibães / Fotógrafo: Webert da Cruz / Coordenador de Comunicação: Josuel Junior / Registro Audiovisual: Guilherme Campos / Edição: Guilherme Campos / Intérprete de Libras: Jose Carlos / Artistas Brincantes: Luciana Meireles com Maria das Alembranças, Mestre Mandioca Frita, Bento e Bruna Luiza com a boneca Mãe Véia e a boneca Onça Yaya / Músico: Daniel Carvalho / Voz dos Cantos: Felipe Guima / Figurino: Francisco Rio e Mestra Nem Rocha / Ministrante do MiniCurso: Luiz Rufino

Agradecimentos: Mercado Sul, Instituto Invenção Brasileira, Casa Kaluanã, Casa Araçá, Espaço Pé Direito, Grupo Giramundo, Escola de Capoeira Angola Cultura Popular, Jacque Bittencourt, Mestre Olavo, Casa Espiritualista Caboclo das Sete Encruzilhadas, Seu Zé, Flávia Aguiar, Maria Tavares, Mariana Almeida, Mariana Gonçalves, Eros Galvão,  Guilherme Machado, Maria de Jesus (Vó Fia) , Rita de Jesus (Vó Rita), Luzia Ferreira (Vó Luzia), Marcia Regina Araujo (Mainha), Elvira e Alonso.

COMO ASSISTIR À SÉRIE – Lançamento na EcoFeira do Mercado Sul no dia 15 de junho / Confira também as atualizações sobre a série no canal do YouTube da Cia Rosarianas – https://www.youtube.com/channel/UC94k7j0IRLUKtX0AOLL1Hrw