Causas

Palavra de especialista: médica explica que o suicídio pode ter causas genéticas

A Organização Mundial da Saúde, OMS, estima que a cada ano, um milhão de pessoas se suicidam no mundo, isso corresponde a uma morte a cada 40 segundos. Os números são assustadores e revelam a importância do debate sobre o assunto. Renata Nayara Figueiredo, médica psiquiatra e presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília, a APBr, explica que a principal causa da ideação e das tentativas de suicídio é a presença de um transtorno mental que pode não ter sido diagnosticado ou não ter recebido tratamento adequado. Mas as causas podem ser ainda mais profundas, como a genética.

De acordo com a especialista, estudos com irmãos gêmeos e seus familiares sugerem que o suicídio e tentativas de suicídio podem ser geneticamente herdados, independente dos distúrbios psiquiátricos presentes nessa família. “A taxa de concordância de suicídio em gêmeos homozigóticos são superiores às encontradas em gêmeos fraternos, ou seja, a chance de um gêmeo idêntico tentar suicídio depois que seu irmão o fez é bem mais elevado do que o entre gêmeos dizigoticos”, explica.

Ela acrescenta que poucos estudos foram realizados na tentativa de melhor caracterizar os fatores genéticos envolvidos. E como este é um fenômeno multideterminado não é possível apontar apenas uma causa. Segundo a médica, não se deve generalizar. “Há famílias com vários casos de transtorno depressivo ou de outros transtornos psiquiátricos graves, porém com a dinâmica familiar excelente”, pondera. Renata continua: “Há famílias que ensinam os filhos a reconhecer os pensamentos disfuncionais e compreender o que se passa de errado e consequentemente mudar tais comportamentos, pensamentos e emoções”.

A psiquiatra destaca, ainda, que é preciso atenção quando há casos de suicídio. “É importante trabalhar a prevenção, ou seja, evitar novos suicídios nos familiares, o chamado sobrevivente do suicídio”, ressalta. Entre esses cuidados, ela ressalta as crianças e adolescentes, que segundo a especialista, em geral, apresentam dificuldades ainda maiores que os adultos, na compreensão dos próprios pensamentos e sentimentos. “Nesse sentido, é importante conversar essas questões de forma a ajudá-los a identificar as suas emoções e os sintomas que eles possam apresentar”, pontua.

Mas, como conversar com crianças menores? Renata explica como deve ser a abordagem com os pequenos de 4 a 8 anos:
• Fale com a criança sobre os seus sentimentos. Ajude-a a identificar as suas emoções e a compreender o que está sentindo e pensando;

• Encoraje a criança a expressar os seus sentimentos, seja por palavras ou por outros meios, como a escrita, desenhos e outros métodos que permitam a expressão das emoções de maneira saudável;

• Ajude a criança a compreender que sentir emoções desconfortáveis, como tristeza ou raiva, é algo que pode acontecer de vez em quando. Ajude-a a identificar quando essas emoções ficam muito intensas e a procurar ajuda nesses casos;

• Busque assegurar que a criança não tenha acesso a materiais que possa usar para se machucar;

• Tente se conectar com a criança em diferentes atividades para demonstrar que você está disponível para dar suporte quando necessário;

• Por fim, ensine a criança a identificar adultos em que possa confiar

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