Boas ideias surgem de grandes inquietações sociais e artísticas. Assim nasceu o I FESTIVAL MAGIA NEGRA, projeto que promete levar à cidade de Samambaia muita dança, moda, culinária, literatura, shows, simpósios de empreendedorismo e atividades formativas. Tudo de graça!
O Magia Negra se autodenomina um festival de multilinguagens da cultura negra e vai usar a arte e a cultura como forma de conscientização do público e de toda a comunidade de Samambaia e do Distrito Federal. Em tempos de tantas manifestações de preconceito e enfrentamentos sociais onde as minorias são diretamente atacadas por setores da sociedade, o Magia Negra pretende fazer uma ode ao que há de mais inventivo e efervescente na comunidade artística negra, oferecendo produtos e serviços ricos e diversos, pois, de acordo com a idealizadora do evento, Suene Karim, “produtos artísticos naturalmente contribuem no enfrentamento contra o preconceito”.
Na fase de pré-produção do projeto, a equipe do Magia Negra busca reconhecimento e apoio de personalidades negras de Samambaia, do DF e do país inteiro. O evento, que conta com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal – o FAC – será realizado em três dias consecutivos num festival gratuito de defesa, promoção e despreconceitualização das manifestações da cultura popular negra, inserindo em sua programação ações de políticas transversais para a promoção da igualdade racial, enfrentamento à homofobia e ao sexismo, utilizando as linguagens do teatro, da dança, da moda, da prática culinária, da literatura e diversas outros campos artísticos para que o público possa desfrutar, fruir e se conscientizar do que está acontecendo na atual cena brasileira. Dessa maneira, será fortalecido o intercâmbio entre artistas, plateia e comunidade local, inserindo Samambaia, que já é conhecida por ser umaseara cultural, no circuito das grandes cidades onde a inventividade e o empreendedorismo artístico crescem junto com a população.
SAMAMBAIA, A CIDADE DA CULTURA
É sabido desde o início dos anos 2000 que Samambaia passou a produzir diferentes manifestações artísticas que hoje legitimam a cena cultural da cidade. Projetos como a Paixão do Cristo Negro, que chegou a mobilizar cerca de 40 mil pessoas em seus tempos áureos, utilizou o teatro político de arena para contar uma história religiosa de maneira crítica e ácida, sempre questionando conflitos históricos com os reais conflitos da população da cidade. Foram muitos os artistas que saíram da “Paixão” para se profissionalizar nas áreas da arte-educação, artes cênicas, música e artes visuais. No cinema, Samambaia teve seu primeiro longa metragem produzido entre os anos de 2006 e 2011. O filme “Periférico 304” nasceu de um projeto-escola e se transformou num dos maiores exemplos de gestão compartilhada entre produtores culturais e comunidade local, sendo sucesso de crítica pelo engajamento social e por inserir o nome da cidade em circuitos de audiovisual que extrapolaram as fronteiras do DF. Somente pela internet, o trailer do filme foi assistido por mais de 50 mil pessoas de mais de 10 países. O filme foi exibido no 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Ao falar sobre Samambaia, é inevitável citar as quadrilhas juninas. Populares por suas montagens alegóricas premiadas, as quadrilhas são conhecidas nacional e internacionalmente, sempre com temas contemporâneos e com a profissionalização de bailarinos da cidade. Grupos folclóricos como Si Bobiá a gente Pimba, Pau Melado, Êta Lasquêra e Chapéu de Palha representam a cidade em circuitos regionais e nacionais, atraindo grande público e levando o nome da cidade pelas caravanas por onde passam.
No campo do circo-teatro, o Imaginário Cultural e o Galpão do Riso são pontos de apresentação cativos dos artistas de Brasília. Espetáculos, oficinas, cursos livres e projetos de arte-educação fazem parte das programações anuais dos espaços que, dentro do campo artístico do DF, são modelos de gestão cultural. Agora, com o Festival Magia Negra, Samambaia dá mais um importante passo no discurso e na prática sobre a valorização das periferias e de seus representantes, dando oportunidades para novos talentos se apresentarem nos mesmos palcos que artistas já consagrados. Além do festival fixo, haverá também ações de interatividade nas redes, comprovando que a cultura local fora dos grandes centros é a engrenagem que move a identidade cultural do povo brasileiro. Nomes da cultura negra e referências artísticas serão homenageados na ambientação do festival. Salas, salões e espaços do Complexo Cultural de Samambaia serão especialmente renomeados para o Magia Negra, numa brincadeira poética para que o público localize cada atração da programação. Haverá, por exemplo, o “Espaço Professor Inocêncio”, o “Espaço À Espera de um Milagre”, a “Feira Grande Otelo”, o “Espaço Zózimo Bulbul”, o “Palco Jovelina Pérola Negra”, o “Espaço Central do Brasil”, o “Espaço Sérgio Vaz” e o “Espaço Milton Gonçalves”. Com sinalização própria, o festival proporcionará ao visitante diferentes experiências nesses três dias de muita arte.
Confira as atrações:
SEXTA, DIA 05 DE ABRIL19h às 21h – Oficina de Dança Afro com o coreógrafo Jairo Laranjeira;20h às 21h – Oficina de Capoeira com o Mestre Formiguinha;20h às 21h – Oficina de composição de Rap com Magu Diga How;20h às 22h – Oficina de Cacuriá como Grupo Filha Herdeira;21h às 22h – Oficina de percussão com o Projeto Folha Seca.
SÁBADO, DIA 06 DE ABRIL14h00 às 15h00 – Roda de prosa: Graduação do preconceito, colorismo e negro homossexual – Espaço Professor Nelson Inocêncio14h00 às 21h35 – Exposição de fotos no Espaço À Espera de um Milagre14h00 às 21h30 – Feira Grande Otelo15h00 às 16h00 – Roda de prosa: Valorização da estética negra feminina é resistência ao racismo? Mediação do Professor Nelson Inocêncio – Espaço professor Nelson Inocêncio15h00 às 21h35 – Mostra de Filmes – Espaço Zózimo Bulbul16h00 às 16h30 – Contação de História com Rego Júnior – Palco Jovelina Pérola Negra16h30 às 19h30 – Elaboração de cartas para deficientes visuais – Espaço Central do Brasil 16h40 às 17h40 – SarauVá convida Slam Q’Brada – Espaço Sérgio Vaz17h50 às 18h00 – Desfile Diáspora – Passarela Lupita Nyongo18h05 às 18h15 – Performance “Renascença” com Suene Karim – Espaço Milton Gonçalves18h20 às 19h25 – Espetáculo “Esperando Zumbi” com Cristiane Sobral – Espaço Milton Gonçalves19h30 às 20h30 – Show do Grupo Mambembrincantes – Palco Jovelina Pérola Negra20h35 às 21h35 – Show Roda de Samba do Milsinho – Palco Jovelina Pérola Negra21h40 às 23h00 – Show de Martinha do Coco – Palco Jovelina Pérola Negra
DOMINGO, DIA 07 DE ABRIL13h00 às 14h00 – Roda de prosa: Apropriação da Cultura Negra – Espaço Professor Nelson Inocêncio13h00 às 19h50 – Exposição de fotos – Espaço À Espera de um Milagre13h00 às 19h50 – Feira Grande Otelo14h00 às 15h00 – Roda de prosa: Negro no mercado de trabalho cultural. Mediação do professor Nelson Inocêncio15h00 às 15H30 – Contação de História com Rego Júnior – Palco Jovelina Pérola Negra15h40 às 16h40 – SarauVá convida – Coletivo Escalen15h40 às 18h50 – 16h40 às 20h00 – Espaço Central do Brasil – Elaboração de cartas para deficientes visuais15h40 às 18h50 – Mostra de Filmes – Espaço Zózimo Bulbul16h45 às 16h55 – Suene Karim com a performance Renascença – Espaço Milton Gonçalves17h00 às 17h50 – Marta Carvalho com o espetáculo Liberdade Assistida – Espaço Milton Gonçalves18h00 às 18h50 – Tambor de Crioula de Seu Teodoro – Palco Jovelina Pérola Negra19h00 às 19h50 – Seu Estrelo e da Orquestra Alada Trovão da Mata com o espetáculo Trincheira ou Poeira é Vestido de Vento – Espaço Mãe Meninha do Gantois20h00 às 21h00 – Samba Rural do Sertão da Bahia com Cid Aroeira – Palco Jovelina Pérola Negra21h10 às 22h10 – Cortejo Afoxé Ogum Pá – Espaço Mãe Meninha do Gantois22h20 às 23h20 – Filhos de Dona Maria – Palco Jovelina Pérola Negra