Especial

Ensaio Artístico do DF reflete sobre a censura nas redes

A parceria entre Josuel Junior, Tácio Neves e o fotógrafo Beto Carvalho culminou em curiosas fotos que retratam a preocupação em adaptar conteúdos artísticos a esse padrão conservador das redes sociais.

Não é de hoje que o Instagram tem feito vista grossa aos trabalhos artísticos de performers, fotógrafos, atores e agitadores culturais.


Cada vez dialogando mais com a onda conservadora, a rede social mais popular atualmente tem feito uma verdadeira “caça às bruxas”, apagando posts de quem trabalha com a livre expressão artística, sendo cada vez mais exigente quanto ao uso de corpos (nus ou não) no feed e nos stories. 


São muitos os criadores de conteúdo que têm perdido suas contas mediante denúncias de uma camada mais conservadora da sociedade, que ainda vê no nu artístico ou na livre expressão do corpo uma afronta à vida em sociedade, principalmente com obras do universo LGBTQIA+. A maioria dos perseguidos nas redes é composta por fotógrafos, desenhistas e ilustradores, que têm como matriz de trabalho a nudez.


Josuel Junior, artista brasiliense que já produziu grandes ensaios coletivos de nu artístico na capital, teve então uma ideia de ironizar essa censura num novo ensaio fotográfico que mostra a rotina de um casal registrada nas redes (com a padronização do que seria aceito nos feeds). A parceria com o modelo Tácio Neves e o fotógrafo Beto Carvalho culminou em curiosas fotos que retratam a preocupação em adaptar conteúdos artísticos a esse padrão conservador das redes sociais.


“Já produzi ensaios fotográficos que contaram com 25, 50, 100 modelos no DF. Um deles, inclusive, foi clicado por Kazuo Okubo em plena Esplanada dos Ministérios. Os tempos eram outros. Por mais que houvesse sempre uma observância maior por parte das autoridades na hora de liberação de alvarás de uso de espaço público e do Juizado de Menores, que também observava se as leis estavam sendo cumpridas pela produção, havia também o respeito para com a manifestação artística, algo que no atual governo é algo bem mais difícil de mensurar e alcançar.“, explica Josuel.


Recorrentemente, o artista recebe notificações do Instagram referente a fotos publicadas três, quatro anos atrás. Trabalhos que, naquele momento, eram aceitos pelas normas das redes e que hoje, por algum motivo, precisam ser retirados do ar.


“Registros de bastidores e até fotos oficiais de ensaios que alcançaram 2 milhões de acessos na internet (num período pré-instagram) só podem ser vistos em meu site pessoal ou em publicações extremamente editadas, com imagens desfocadas ou com tarjas. A impressão que dá é a de que há um movimento nada progressista quanto à liberdade de expressão e, principalmente, com trabalhos de relevância comprovada de ensaios anteriores que já movimentaram galerias e museus do DF, mas que não podem estar nas redes.”, conclui o artista e produtor.


Com trabalho ativo no DF, Josuel já participou de mais de 25 projetos fotográficos com diferentes profissionais da área e juntando somente o público de internet dos ensaios [Nu] Objeto (2014), Que gosto tem seu beijo?, Boa Sorte: um ensaio (clicados por Daniel Fama) e a Fotona (ação dentro do Festival Cena Contemporânea clicada por Kazuo Okubo) o número de pessoas que conheceram tais trabalhos já passa de 3 milhões (através das contagens de visualizações dos sites que noticiaram os respectivos trabalhos).


As fotos do novo projeto foram feitas em Brasília e, claro, não puderam ser aproveitadas no Instagram. Para ver o ensaio é necessário acessar o site do ator @josueljunior1

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