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Crítica: reeditado, “A Divisão” funciona muito bem no cinema mas pode não cativar quem já viu a série

Por: Daniel Marques Vieira Cerca de seis meses depois de lançada como série original da Globo Play, A Divisão volta, mas como filme para cinema. É uma estratégia antiga da...

A Divisão

Por: Daniel Marques Vieira

Cerca de seis meses depois de lançada como série original da Globo Play, A Divisão volta, mas como filme para cinema. É uma estratégia antiga da Globo que agora chega à plataforma de streaming da emissora – reeditar suas séries como filmes (e vice-versa) para atingir novos públicos e prolongar a vida útil da obra. Nesse caso, funciona também como chamariz para as produções originais que só podem ser vistas no serviço pago pela internet. E realmente funciona. Mesmo tendo que cortar muita coisa do original, a versão cinematográfica agrada e muito.

A trama é de ficção, apesar de se basear em um contexto real: na década de 1990, quando uma onda de sequestros violentos aterrorizava o Rio de Janeiro. Essa tal divisão a qual o título se refere é a “DAS”, Divisão Anti-Sequestro da Polícia Civil. A partir daí, o roteiro, que teve a colaboração de José Luiz Magalhães, um ex-delegado, ativo na época, reúne policiais de índole duvidosa para trabalharem juntos no resgate da filha de um político.

É uma história que lembra muito Tropa de Elite (tanto o original quanto a sequência). Principalmente pelo grau de violência, com muito sangue e sofrimento. Os personagens, “anti-heróis”, são colocados em uma área cinza em que não são vilanizados e muito menos santificados. De certa forma são construídos como produtos e vítimas do ambiente em que vivem. O filme deixa para o espectador a tarefa de julgar o caráter da maioria deles. E isso é bom, porque o roteiro transforma o conflito de ideias e de métodos entre os próprios protagonistas um dos seus pontos mais altos.

A Divisão é um filme que surpreende. Não exatamente pela trama, que já era conhecida de quem tem acesso a Globo Play. O que chama a atenção de verdade é que a transposição para a telona não resultou em perda de qualidade. Ao contrário: na parte da história que o filme se concentra, há um ganho. 

Um lado da moeda é que, ao transformar mais 200 minutos de TV em um filme de pouco mais de duas horas, a direção teve que definir quais os pontos centrais da trama e cortar as arestas. Assim, a continuidade foi um pouco afetada e a história mostrada no quinto e último capítulo da série nem aparece no cinema. Quem já viu a série antes pode acabar entendendo a adaptação cinematográfica como uma “versão resumida”, com pouca coisa a acrescentar. Ao ver o filme, a impressão que fica é que a ideia não era dar um produto a mais para quem já assistiu a série e gostou, mas sim levar o título para quem não teve a oportunidade de assistir online. 

Por outro lado, a montagem mais rápida e direta confere energia às cenas e a inexistência do intervalo entre episódios faz com que o filme funcione em uma escalada de tensão bem mais eficiente do que na série. Muito bom para quem ainda não conhece a trama. Além da edição de Danilo Lemos, a direção de Vicente Amorim e a atuação de Silvio Guindane, Marcos Palmeira, Natália Lage, Thelmo Fernandes e Erom Cordeiro também valem destaque – têm a qualidade que dá sustentação para que o material consiga funcionar no cinema.

Em resumo, mesmo parecendo surgir de uma jogada para conquistar maior público, A Divisão é um ótimo filme que tem tudo para ser lembrado no futuro. O estreia está prevista para o dia 23 de janeiro.

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