Cia. Coexistir de Teatro está nas redes sociais com o espetáculo “Vozes”

A Cia. Coexistir de Teatro está nas redes sociais com o espetáculo “Vozes”. As cenas estão sendo gravadas, editadas e lançadas nas redes sociais da Cia (@cia.coexistir), sempre às quartas-feiras. O objetivo com este trabalho é propor um diálogo com temas, situações e histórias de pessoas que representam vozes que éramos, vozes que somos, vozes que queremos ser. 

O espetáculo “Vozes” estreou em 2018, na Casa das Artes Coexistir, com apresentações programadas para 15 pessoas por sessão, é parte da trilogia “Morte e Vida” a partir da releitura de mitos gregos, cuja a primeira experiência foi a “Jornada de Orfeu” (2013), que levou o público ao Cemitério do Redentor em um diálogo dentro da morte, com a vida e, em seu segundo espetáculo “Dioniso – A vida indestrutível” (2018), em que convidou o público a reflexão de suas próprias tragédias.

 “Vozes” surge a partir do mito de Cassandra, a mulher que tinha o dom da profecia, mas que foi punida ao ser desacreditada em tudo que previa. Agora, em uma nova linguagem – o vídeo, simbolicamente representada pela Voz, que neste momento é a que se faz presente, têm na personagem de Cassandra o convite à apresentação de outras personagens míticas, o encontro em um só tempo com o passado e o futuro.

Também, baseados nos mitos de Sísifo, Medusa, Narciso, Pandora e Quíron e inspirados nas personagens, Antígona, Hécuba e, como já dito, Cassandra, todos da tragédia grega, os artistas buscam dar voz aos sentimentos guardados nos cômodos da nossa casa, e que ecoam o processo de desencantamento presente na vida em sociedade, na cidade, no mundo racional-burocrático contemporâneo nos quais nos afastam da natureza que somos.

Em cada bloco lançado, uma personagem propõe um tema; como Hécuba que traduz a questão dos refugiados; Medusa e a questão do estupro; Antígona e a relação com o direito natural e o direito positivo; Sísifo e a relação com o cotidiano, no sentido de repetições; Narciso e Eco e a relação com o outro; Quíron, entre a ferida e a cura; Pandora e a abertura da caixa com os males a serem confrontados; Cassandra e a dificuldade de ser escutada.

Algumas pessoas serão convidadas pelo elenco, ao longo das apresentações, para participarem de pequenos vídeos, compartilhando suas histórias reais. Desta forma, a Cia. busca dentre esses relatos, dar voz a tantas pessoas que também somos.  

Em resumo, em tempos em que as “Vozes” se tornam intolerantes, impulsivas, agressivas – o espetáculo busca um caminho para reflexão dos tempos atuais e traz como mote os seguintes questionamentos: “Em momentos de falta de empatia, de covardia disfarçada de indiferença, que vozes e cantos se fazem necessários?”, “Que vozes éramos, que vozes queremos ser?”.

Estas foram as perguntas que nortearam a proposta de uma encenação que se permite desdobrar-se em experiência, de fato, compartilhada, construída e desconstruída através do diálogo com a subjetividade do espectador.